É obrigatório ser feliz, mas o burnout está a aumentar!
- Ceselina Matos
- 21 de jun. de 2019
- 3 min de leitura

Felicidade, talvez a palavra mais lida nos últimos tempos. Receitas, técnicas, fórmulas. É obrigatório ser feliz!
Confesso que não leio nem 10% das “teorias da felicidade” que por aí circulam. Escuto, baseio-me na realidade, nas pessoas que me rodeiam, na minha vida pessoal, social e profissional. Sinceramente nunca conheci ninguém que conseguisse manter esta emoção estável, sem surgir qualquer outra, ininterruptamente. Eu acho, que não é possível!
É possível sim, aprendermos a lidar com as emoções negativas, aceitá-las e transformá-las, até porque as emoções negativas, aceitá-las e transformá-las, até porque as emoções negativas estão em maioria, importa saber reconhecê-las porque elas existem e vão sempre existir, sejamos realistas!
As empresas precisam de ser felizes, e de “vender” uma imagem de felicidade, existem até profissionais da felicidade, normalmente essa felicidade, resume-se a uns puff´s numa sala, umas mesas de matraquilhos, um team building e pouco mais.
Assim, os colaboradores são realmente muito mais felizes!
Esquecemos que não nos respeitam, que não nos reconhecem, esquecemos as contas para pagar no final do mês, e que o salário que recebemos, muito provavelmente irá dar, se, o aquecedor não se ligar, para não aumentar a conta da electricidade. Enfim pequenas coisas, que, na maioria das vezes ninguém pergunta na empresa e ninguém quer saber!
Parte-se do pressuposto que as pessoas só podem ser felizes, até porque no “mês passado fizeram um team building, fizeram escalada, e divertiram-se imenso”. Está tudo bem, eles estão felizes. “Se fosse eu, estava!” dizem os líderes.
Mas a “Maria”, tem pesadelos de domingo para segunda-feira, só de pensar que tem de ir para aquele local. O “António”, nem pensa nisso, tenta distrair-se com os amigos, bebe umas cervejas e come uns tremoços, chega a casa já tarde, e só quando o relógio desperta sobre a manhã, “acorda para a dura realidade”, salta da cama e lá vai, para mais uma semana, e, ansioso pelo próximo fim-de-semana!
As semanas, são caóticas, levantar cedo, os miúdos, o trânsito, os serões no escritório. Tem de ser!, - ou corremos o risco de ser despedidos -, pois toda a gente fica até mais tarde, quem não fica é “marcado” pelo patrão e pelos colegas!
Não existem planos de carreira, trabalha-se para não se ser despedido, talvez consiga um aumento no final do ano, mas a crise, a malvada da crise, serve de desculpa, porque “está mau”, e já nos podemos dar por muito felizes por ter trabalho!
A realidade é que existem cada vez mais pessoas em burnout, o síndrome da exaustão que afecta um número cada vez mais crescente dos portugueses. Chocante!
As empresas têm de parar e entender a raiz da questão: porque é que as pessoas estão a ficar doentes no trabalho?
As empresas têm modelos de negócios desadequados à realidade que vivemos, estão com sérias dificuldades de adaptação, estão desorganizadas, sem rumo, na sua maioria! Algumas tentam reagir com processos demasiado complexos e burocráticos que acabam, por dificultar. As pessoas estão sobrecarregadas, pede-se que sejam multitasking, resolvem-se diariamente, problemas sem fim, num mundo acelerado, que muda a cada minuto e é proibido parar, é proibido dizer que não!
Arranjam-se culpados, humilha-se, descarta-se!
O foco está em atrair talentos, a máquina não para, despede-se e a seguir contrata-se, é assim! Porque não há tempo para parar e perceber o que, internamente está a falhar.
O virús continua ali, latente, mas ninguém tem tempo! Estragam-se vidas, destroem-se famílias, porque ninguém se importa. Perdem-se talentos, porque simplesmente, não existe empatia, porque entrámos em desequilíbrio. As empresas não estão disponíveis para formar, para fazer crescer as suas pessoas.
Se consegues muito bem, de outro modo, estás fora!
Mas, o cenário está a mudar. Não existem talentos disponíveis no mercado, estão na concorrência. Como os atrair? Difícil, se a imagem enquanto empregador não for a melhor, e acreditem é muito fácil saber.
Reter, Engajar e Motivar, é preciso! As pessoas na maioria das vezes deixam as suas chefias, não as empresas. Já pensou nisto? Nas minhas formações de liderança, quando pergunto, o que é? Quase todos começam pelo “saber lidar com o outro”, no final, percebem afinal, que a liderança começa no próprio. A falta de consciência de si, é um problema, concorda?
A solução?
Tal como a construção de uma casa começa, pelas fundações, também as empresas terão de o fazer. Parar e olhar para dentro: Os seus colaboradores recomendam a sua empresa, a alguém, como um excelente local para trabalhar?
A sua empresa tem um propósito? Como é a cultura real? Sabe o que motiva os seus colaboradores?
Não responda com um “ eu acho que”, tenha a coragem de perguntar às suas pessoas! E estude o que os talentos que quer atrair procuram, mais uma vez, “o acho que” não vale!
Para si, é importante ter um Mercedes topo de gama, para mim é importante ter um plano de carreira. Percebe onde quero chegar? Somos todos diferentes…
Faz sentido para si?
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