Employer Branding em Portugal: Realidade ou Make up?
- Admin
- 5 de nov. de 2018
- 4 min de leitura

O Employer Branding, está na moda, e cada vez mais empresas se interessam pelo conceito. Pois tal como se previa, é cada vez mais uma realidade, a dificuldade em captar e até mesmo reter talento, o employer branding apresenta-se como a “caixa de pandora” para a resolução do problema.
Mas será que as empresas têm a noção, do que é na realidade employer branding?
Se fizermos uma pesquisa sobre o conceito, este refere-se à reputação da sua empresa como empregadora.
Ok. Bastará então uma boa campanha de marketing, e a employer brand estará cuidada e de boa saúde.
Pois, aqui reside o grande problema, as empresas estão a olhar para o employer branding como uma make up, ou seja, algo que maquilham para o exterior e voilá, está resolvido, serão consideradas as melhores empresas no mercado para se trabalhar.
Contudo, o employer branding, é muito mais do que uma simples campanha de marketing, é algo que tem de se trabalhar profundamente no interior de uma organização, pois os melhores embaixadores de marca que uma empresa poderá ter serão os seus colaboradores, estes sim serão os "influencers" que quererá ter do seu lado, e a melhor notícia é que nem tem que lhes pagar!
Dois casos reais, que exemplificam a realidade do nosso país:
Fui contactada por uma recrutadora que estava à procura de alguém para uma grande empresa, que fosse desenvolver o employer branding da empresa. O primeiro alerta que me surgiu, foi logo na integração desta nova área, estaria dentro do departamento de recrutamento & seleção, para mim foi claro que o que queriam era make up, estavam com dificuldade em recrutar e queriam alguém que lhes resolvesse o problema, achei graça quando ao telefone, questionei qual o perfil da pessoa que estavam à procura, me referiram que tanto podia ser alguém de marketing como alguém com experiência no recrutamento de IT, pensei para mim, pois, já vi o filme todo. Logo a seguir fiz o meu trabalho de casa e apenas com dois telefonemas, consegui perceber que trabalhar naquela empresa era “horrível”, disseram-me coisas como “ o ambiente é péssimo, “comem-se uns aos outros” para conseguirem atingir objetivos” ou, “ a DRH (diretora de recursos humanos) é intragável, é mesmo mal educada com as pessoas, sendo mesmo ofensiva. Resumindo, o employer branding desta empresa é negativo, e o pior é que a intenção não é melhorar, é apenas a de fazer, mais uma vez, make up.
Há uns meses atrás estive a acompanhar uma responsável de Recursos Humanos que foi convidada a sair de uma grande empresa ( + de 500 colaboradores), no nosso primeiro encontro, ela chorou, pois foi um choque, estava completamente “engajada” com a empresa, não tinha apenas a camisola vestida, estava colada à pele, e falou-me de tudo o que estavam a fazer internamente e a preocupação que tinham pelo employer branding, havendo uma clara noção, de que, o trabalho tinha de ser feito de dentro para fora. Quando a ouvi, pensei Uau!!, que iniciativas fantásticas, contudo, havia algo de errado, pois eu conhecia alguém que trabalhava na mesma organização (uma operacional), que já se tinha queixado da organização, chegando mesmo a desabafar comigo e a chorar de desespero. Algo não batia certo! Claro que investiguei esta questão para perceber onde estava o problema, e consegui entender: o problema estava nas chefias intermédias que barravam tudo o que vinha de cima, os “chefes”, dizia ela em em lágrimas, eram intragáveis, pois foram bons operacionais, que evoluíram para cargos de chefia, mas não tinham competências de liderança, então abusam do poder e infernizam a vida daqueles que, não são seus “amigos”. Esta é uma realidade em grandes empresas, em que os quadros de topo, consideram maravilhoso trabalhar na empresa, e vamos às bases e constatamos quase o oposto.
Todos os colaboradores são importantes, devem ser geridas as expectativas de todos, importa portanto que as equipas sejam pequenas (esta é uma tendência), e as estruturas têm de continuar a achatar pois de outra forma não é viável.
A guerra pelo talento está instalada, e a empresa deve avaliar a atual reputação da sua marca através de contacto direto, com os seus principais públicos externo e interno, e perceber qual o seu Employer Value Proposition.
Por onde começar?
A empresa tem de ter uma visão muito clara de futuro e os seus colaboradores têm todos, de a conhecer;
Os valores têm de ser reais e aplicados na prática;
O feedback tem de ser constante e real;
Apostar na formação (alinhada com os objetivos da empresa);
Existir uma real Gestão de Carreiras na organização, e alinhar os objetivos corporativos aos objetivos pessoais de cada colaborador. O pior que pode acontecer é conseguir captar talentos e depois não os conseguir reter;
Estimular o bom ambiente de trabalho;
Comunicação interna efetiva e sem entropia;
Parcerias e iniciativas disruptivas que estimulem o employee engagement;
Work- life- balance
Se começar de dentro para fora, vai conseguir sem dúvida ser uma referência, e assim captar e reter os seus talentos. Mas para lá chegar tem muito a fazer, acima de tudo e sempre, com muita honestidade, transparência e preocupação não só com as necessidades dos seus clientes externos, mas cuidando também dos seus clientes internos: os seus colaboradores!
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